Simpósios

SIMPÓSIO 1: CAMPO E CIDADE NA POESIA: EXPERIÊNCIAS E CENAS DA MEMÓRIA

Coordenadoras:  Profa. Dra. Márcia Manir Miguel Feitosa (UFMA-CNPq) e Profa. Dra. Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)

RESUMO: Este simpósio abre-se ao diálogo com trabalhos que abordem o tema do campo ou da cidade na poesia, a partir de experiências com o espaço ou de lembranças de vivências individuais ou coletivas. Campo e cidade vêm, cada vez mais, ocupando espaço nos estudos literários modernos e contemporâneos. A cidade na literatura tomou fôlego a partir do final do século XIX, graças especialmente à poesia de Baudelaire que situa seus sujeitos poéticos nas vias públicas, cujo olhar vai desvelando elementos que compõem a paisagem urbana. O campo, apesar de negligenciado naquele contexto, por ser considerado sinônimo de atraso, posteriormente passara a ser motivo de interesse literário, uma presença em que “o homem não apenas contempla a terra mas também tem consciência do que está fazendo, como uma experiência em si, e preparou modelos sociais e analogias tiradas de outros campos para apoiar e justificar a experiência” (WILLIANS, 1989, p. 168). O espaço habitado, quer seja o campo ou a cidade, é movido por práticas sociais. O seu uso e funcionalidade dinamizam formas relacionais e permitem a apreensão de sentidos, cuja pragmática leva os sujeitos a descobrirem a si mesmos e se reconhecerem como partícipes dos contextos aos quais pertencem. A presença do campo e da cidade na poesia agrega a gestão representacional, por meio de imagens reais e/ou imaginárias. Para Octavio Paz (2012, p. 21), “poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, atividade poética, revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um abandono de liberdade interior. A poesia revela este mundo, cria outro”. Assim, a poesia é uma atividade dos eleitos, como queriam os poetas da antiguidade grega, mas que, com o tempo, se abriu aos poetas malditos, com suas transgressões linguísticas, herdadas por poetas de gerações posteriores. Poesia é emoção, mas também transpiração, ou como diz Paz, “pensamento dirigido”, ordenado, refletido. Paz (2012, p. 16) questiona: “como não reconhecer em cada uma dessas fórmulas o poeta que as justifica e que, ao encarná-las, lhes dá vida?”. A imagem poética contém a experiência da novidade ou pelo menos a tentativa de tornar algo novo e que ressoe em diferentes formas de interpretação. Com base nas questões suscitadas, convidamos pesquisadores e pesquisadoras a refletir sobre a presença do campo e da cidade no discurso poético.

SIMPÓSIO 2: POESIA, OUTRAS ARTES, OUTROS SABERES

Coordenadores: Profa. Dra. Solange Aparecida de Campos Costa (UESPI) e Prof. Dr. Wandeilson Silva de Miranda (UFMA)

RESUMO: Desde a origem da cultura a palavra poética assumiu a função estética e religiosa que determinou o caminho dos primeiros povos. O poeta-profeta (aedo) representava a verdade e a instauração das leis e dos símbolos que organizavam a vida e a morte. A imagem e o som conduziam o pensamento mais do que a lógica e a ciência, construindo, a seu modo, as características fundamentais da capacidade humana de representar e sentir. A palavra poética, logo, não pode ser reduzida a um tipo de “encantamento” e adorno da linguagem, mas fundamenta a própria capacidade do pensamento. Tal importância não escapou aos primeiros filósofos que procuraram compreender a função, o lugar e a própria existência arte no seio da comunidade. As ambiguidades e contradições impostas por esse debate levou ao desenvolvimento das diversas áreas (Estética, História da Arte, Filosofia da Arte, etc) para tentar esclarecer os dilemas não apenas da arte, mas da própria sociedade. Entendendo que a arte é a mais essencial forma de comunicação e transformação da humanidade, o simpósio “poesia, outras artes, outros saberes” pretende construir um espaço para a crítica, a análise e a interpretação do papel da arte ao longo da história e em suas mais diversas modalidades. O presente simpósio receberá trabalhos voltados ao estudo da arte em geral e da poesia e da literatura especificadamente. Os trabalhos poderão ter caráter interdisciplinar, deste modo, pesquisadores das mais diversas linhas: Cinema, Arquitetura, Pintura, Teatro, Filosofia, Ciências Humanas, Ciências Sociais, Letras e demais áreas que possuem afinidade com a pesquisa das formas e das expressões estéticas poderão enviar seus trabalhos para a apreciação, apresentação e debate com a comunidade científica.

SIMPÓSIO 3: A LÍRICA MARANHENSE ONTEM E HOJE

Coordenadores: Prof. Dr. José Costa Dino Cavalcante (UFMA) e Prof. Dr. José Ribamar Neres Costa (Pitágoras/AML)

RESUMO: A Chamada Lírica Maranhense, segundo Jomar Moraes, em seu livro Apontamentos de Literatura Maranhense, inicia com a publicação do poema Hino à Tarde, de Odorico Mendes, em 1832. Embora com vasta historiografia nos séculos anteriores, o Maranhão conhece uma longa e fecunda trajetória em sua produção literária, sobretudo na poesia, a partir do texto árcade do tradutor maranhense. Ainda na primeira metade do século XIX, surge o grande poeta Gonçalves Dias, com seus Primeiros Cantos, de 1847. A seguir, surgem Trajano Galvão, Joaquim de Sousa Andrade, Gentil Braga, Maria Firmina dos Reis, entre outros. No início do Século XX, o Maranhão tenta se reencontrar com o seu passado “glorioso” em termos literários. Criam-se, a partir da primeira década, grupos como os Novos Atenienses, a Oficina dos Novos, etc. Em 1908, com grande esforço de Antônio Lobo, funda-se a Academia Maranhense de Letras, com participação decisiva de poetas, entre os quais: Maranhão Sobrinho, Inácio Xavier de Carvalho, Corrêa de Araújo e Vieira da Silva. A partir dos anos 40, com a chegada de Bandeira Tribuzi,vindo de Portugal, tem-se uma grande renovação da Lírica Maranhense. No bojo da evolução literária, surgem Ferreira Gullar, Odylo Costa, Filho, Nauro Machado, entre outros poetas, sem esquecer de outros tantos nomes que enfrentaram mais obstáculos para divulgar suas produções literárias, a exemplo de Mariana Luz, Laura Rosa, Mata Roma, etc. Nas décadas seguintes, a lírica continua em franca produção. Surgem os poetas: Dagmar Desterro, José Chagas, Nascimento Moraes Filho, Salgado Maranhão. No século XXI, estão nos brindando com poesia autores, como: Lúcia Santos, Lenita de Sá, Ricardo Leão, Antônio Ailton, Bioque Mesito, Hagamenon de Jesus, Dyl Pires, Natan Campos, Josoaldo Lima Rego, Samarone Marinho, Kissyan Castro, Carvalho Júnior, Paulo Rodrigues, Daniel Blume, Luíza Cantanhede, para citar apenas alguns. A Lírica Maranhense é tão rica no presente quanto foi no passado, dadas as condições de produção daquela época. Debruçar-se sobre a vasta produção da lírica maranhense é, antes de tudo, um encontro e um mergulho na própria essência desta terra, chamada de “Meu Torrão” por tantos nomes da nossa cultura.

SIMPÓSIO 4: (PÓS)MODERNOS ETERNOS

Coordenadores: Profa. Ms. Gabriela Santana de Oliveira (IEMA) e Prof. Dr. Rafael Campos Quevedo (UFMA)

RESUMO: este simpósio propõe a discussão acerca dos diversos trânsitos intergeracionais de temas, procedimentos, concepções teóricas e práticas artísticas de uma maneira geral presentes no grande mosaico poético moderno, modernista e pós-moderno. Serão aceitos trabalhos que versem tanto acerca das irradiações de tradições diversas nas produções líricas dos séculos XX e XXI quanto sobre estratégias de transgressão, ruptura e distintas formas de diferenciação com relação a essas tradições operacionalizadas pelas vanguardas históricas, neovanguardas ou poéticas não necessariamente ligadas a movimentos coletivos. Serão bem-vindas, também, reflexões votadas à problematização de perspectivas teóricas que envolvam as noções de tradição, anacronismo, modernidade, modernismo, contemporaneidade e outras categorias epocais. Interessam-nos questões que digam respeito à permanência de topoi e formas tradicionais, como o soneto, revisão de processos de imitação/emulação por meio de releituras parodísticas ou não de poemas canônicos, problematização da noção de originalidade e criação poéticas, intersecções do lírico com outros gêneros literários e outras soluções que apontem para diferentes diálogos críticos entre o presente e o passado no âmbito da poesia lírica de língua portuguesa ou de outras nacionalidades. Por fim, propostas cujo interesse seja a discussão dos impactos sofridos pela crítica literária a partir das mais diversas transformações dos padrões de produção, consumo, análise e valoração da poesia do século XX aos dias atuais também serão acolhidas neste simpósio.

SIMPÓSIO 5: POESIA AFRO-BRASILEIRA: ANCESTRALIDADE, LUTA E RESISTÊNCIA

Coordenadoras: Profa. Ms. Ana Carusa Pires Araújo (IFMA) e Profa. Dra. Régia Agostinho da Silva (UFMA)

RESUMO: A proposta deste Simpósio Temático é servir como espaço de discussão acerca da literatura afro-brasileira, mais especificamente ao estudo da poesia afro-brasileira, contemplando diferentes possibilidades de abordagem do texto literário. Conceição Evaristo afirma que “os textos afro-brasileiros surgem pautados pela vivência de sujeitos negros/as na sociedade brasileira e trazendo experiências diversificadas, desde o conteúdo até os modos de utilização da língua” (EVARISTO, 2009, p. 27). Assim sendo, temas norteadores como a escravidão dos africanos e seus descendentes, estratégias de resistências, paradigma colonial dor/luta, a condição da diáspora negra, diálogo entre ficção e realidade, a experiência pessoal e coletiva do autor negro e seus descendentes, possibilitando seu pertencimento e autorreconhecimento no meio social, além do processo dinâmico de desconstrução e reconstrução de memórias e identidades afrodescendentes, dentre outros que poderão ampliar a discussão do simpósio. Os textos poéticos se delineiam a partir de diferentes modos de construções textuais, que são apresentados sob múltiplas formas, em diferentes momentos, que vão desde meados do século XIX à literatura afrodescendente contemporânea de diversas regiões do país, pois é ao longo dos tempos que a literatura afro-brasileira vai se constituindo e se reafirmando, a partir da descoberta de textos que apresentam o negro com um olhar positivo, com uma atitude compromissada com a sua própria história.

SIMPÓSIO 6:  TRA(DUZ)IR POESIA

Coordenadores: Prof. Dr. Álvaro Silveira Faleiros (USP) e Profa. Dra. Émilie Geneviève Audigier (UFMA)

RESUMO: Desde as rezas e canções de Anchieta reescritas em nheengatu e as emulações barrocas de Quevedo e Góngora feitas por Gregório de Matos, a tradução de poesia faz-se uma das mais importantes matrizes da invenção de uma literatura brasílica. Retomada por românticos do calibre de Castro Alves, Álvares de Azevedo e Fagundes Varella, ela ganha corpo com a monumental obra de Odorico Mendes. Um outro modo, moderno, de se traduzir poesia, surge com força em obras determinantes no processo de renovação da poesia brasileira no século XX graças a obras como as de Guilherme de Almeida, Mário Faustino, Ferreira Gullar, Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Ana Cristina Cesar, José Paulo Paes e Mário Laranjeira e Paulo Henriques Britto. Essa constante potência criadora se faz visível hoje nos repetidos Prêmios Jabutis e da Biblioteca Nacional concedidos à tradução de poesia, à qual se somam os inovadores trabalhos acadêmicos dedicados ao tema nas últimas décadas, como os de Antonio Risério, Josely Vianna Baptista, Álvaro Faleiros, Pedro Cesarino e Guilherme Gontijo Flores, entre tantos outros. Paralelamente, a canção popular, irmã da poesia desde os primórdios, enriquecida de melodia e música passa também por importantes processos de reescrita. Diversos pesquisadores, como Luiz Tatit, Carlos Rennó no Brasil, Low Peter nos Estados Unidos, ou Perle Abbrugiati na França, propõem uma reflexão consistente sobre os mecanismos de transposição de letras de música, no campo da semiótica, da tradutologia ou da história da tradução. Neste simpósio, abrimos espaço para reflexões a respeito desses assuntos, que certamente se constituem como modos potentes e inovadores de trans-formação do campo literário no Brasil, seja numa perspectiva mais teórica, seja por meio de propostas transcriadoras, inventivas e críticas.

SIMPÓSIO 7: A POESIA E SUAS MARGENS

Coordenadora: Profa. Dra. Cristiane Navarrete Tolomei (PGLB/PGCULT/UFMA)

RESUMO: Este simpósio aceita trabalhos que tratem da poesia escrita por autores que pertencem às chamadas “minorias”, como as mulheres, os homossexuais, os negros, os indígenas, as classes oprimidas pela elite financeira, aqueles deixados de fora pelo sistema patriarcal hegemônico. É importante que as apresentações reflitam sobre a geopolítica e a corpo-política (entendidas como a configuração biográfica de gênero, religião, classe, etnia e língua) no processo de colonização latino-americana e africana. Logo, há neste simpósio, o interesse de debater as dicotomias estabelecidas pelo sistema-mundo moderno/colonial, patriarcal/capitalista europeu, questionando esta tradição epistêmica. Ressaltamos a urgência de reconstituir as epistemologias (e porque não as cosmovisões) subalternizadas dos países que foram colonizados, ressignificando conhecimentos locais que foram apagados no processo decolonizatório a partir da Matriz Colonial de Poder.